Monday, May 31, 2010

Audiovisual VII

audiovisual

adj. 2 gén.,
relativo simultaneamente à audição e à visão;
que associa som e imagem no processo de comunicação;
NUIT BLANCHE
"Nuit Blanche explores a fleeting moment between two strangers, revealing their brief connection in a hyper real fantasy."

13bly

Sunday, May 30, 2010

Saturday, May 29, 2010

Gary Numan @ Casa das Artes de V.N. de Famalicão (28/05/10)

Considerado por muitos como um dos pioneiro da música electrónica, Gary Numan é uma espécie de legado histórico que ficou dos 80. Sem ele não teríamos hoje Depeche Mode ou Massive Attack e influência da música de Numan é absolutamente inegável em bandas como os Nine Inch Nails ou Marilyn Manson. O seu sucesso não se restringe, no entanto, a um nicho fechado. Músicos como Beck, Tricky, Damon Albarn ou Jarvis Cocker assumiram a sua admiração por Gary Numan e as suas músicas, num claro exemplo de transversalidade, foram já utilizadas por nomes tão fora do seu 'círculo musical' como Afrika Bambaataa ou Sugababes.
Foi uma sala meio-despida que recebeu ontem Gary Numan na Casa das Artes de Famalicão. A média de idades dessa meia-sala era, compreensivelmente, bastante adiantada - constituída essencialmente por pessoas que, sem dúvida terão vivido os tempos áureos de Numan e dançado ao som das suas músicas em inúmeras ocasiões da sua juventude. É uma pena que o concerto tenha passado ao lado de tanta gente e a lotação ter-se apresentado tão baixa.
Pessoalmente, tenho de confessar não ter "feito os trabalhos de casa" para este concerto (ou mesmo para esta pequena crítica) visto não conhecer quase nada do longo espólio musical de Numan. Sim, a Cars é um hino incontornável dos anos 80 mas, para além disso, pouco ou nada mais sabia. Foi portanto com grande surpresa que recebi a actuação de Numan.

O tom da música de Numan é sombrio, em relação a isso não haveriam dúvidas, no entanto a densidade do som debitado em palco ultrapassou largamente o que esperava. Pelo que pude apurar, ao longo da carreira, a sonoridade de Gary Numan foi-se afastando sucessivamente daquele new-wave/synthpop que hoje consideramos como "típico dos anos 80" para fazer uma aproximação a um rock industrial bastante agressivo. Deparado com essa realidade em palco, apercebo-me que as influências a Nine Inch Nails não funcionaram num só sentido e, por diversas vezes durante o concerto, poderia ter jurado que estar a ouvir a banda de Trent Reznor.
Achei a primeira metade do concerto demasiadamente pesada, talvez por não ser uma sonoridade com que me identifique pessoalmente ou, simplesmente, por não conhecer o percurso de Numan estar à espera de tamanha intensidade. No entanto, a partir de Down in the Park (sensivelmente a meio) o tom abrandou ligeiramente e consegui então desfrutar mais do espectáculo. Esse terá sido para mim o momento alto do concerto a par de Are Friends Electric?.

Não foi um concerto que me tenha enchido as medidas mas dificilmente alguém pode afirmar que Numan não cumpriu exemplarmente o seu dever. Com 52 anos de idade e 34 de carreira, Gary Numan está em forma e recomenda-se - talvez não tenha o mesmo vigor de outros tempos, mas é ainda um testemunho vivo do que de bom se fazia nos anos 80.

13bly

Friday, May 28, 2010

Acabadinhas de sair do forno

Já andam à solta as primeiras amostras do novo trabalho dos Arcade Fire. O primeiro single, The Suburbs (que dá ainda o nome ao álbum) e Month of May - (curiosamente lançada neste mês de Maio) já podem ser ouvidos na íntegra por essa internet em geral e no 13bly em particular.








THE SUBURBS






MONTH OF MAY

Se Month of May mostra uma faceta dos Arcade Fire surpreendentemente eléctrica e agressiva, mais virada para o rock do que o habitual. The Suburbs coloca-os num tom acústico consideravelmente mais familiar e suave com os ouvidos. Ambas as faixas parecem bem distantes do que de melhor os canadianos já provaram saber fazer mas, apesar de tudo, deposito a minha confiança no seu talento e aguardo ansiosamente a chegada do dia 2 de Agosto, data agendada para o lançamento do álbum.

13bly

Thursday, May 27, 2010

11º "Os fins justificam os meios"

fins
s.m.pl.
Escopo, desígnio, alvo.

meios
s.m.pl.
Bens, fortuna, recursos, haveres.
Arte com meios não tradicionais.

#11 GUARDA-CHUVAS


Outros meios:

  • #1 JORNAL
  • #2 LIVROS
  • #3 SOMBRAS
  • #4 LUZ




  • #5 PAPEL (1)
  • #6 PAPEL (2)
  • #7 LÁPIS e "BORRACHA"
  • #8 FITA-COLA




  • #9 PAPEL (3)
  • #10 SAL
  • #11 GUARDA-CHUVAS


  • 13bly

    Wednesday, May 26, 2010

    Série Ípsilon XIII - L'Esquive

    Depois de alguns posts mais dedicados ao pequeno ecrã, voltei à 7ª arte procurando terminar esta demanda a que me propus. Assim, sem saber do que tratava, peguei no filme que pelos vistos foi o grande vencedor dos prémios César de 2003 - L'esquive, do realizador tunisino Abdellatif Kechiche.
    L'esquive retrata algumas das vicissitudes do amor que são, neste caso específico, algo agravadas pela imaturidade dos intervenientes. Krimo namorava com Magalie que, no início do filme, põe termo à relação entre os dois. No seguimento do fim dessa relação, Krimo acaba por se apaixonar por Lydia, sua amiga de infância.

    De forma a impressionar e conquistar Lydia, Krimo arranja forma de se inserir na peça de teatro que esta e alguns amigos estavam a encenar no contexto das aulas de francês. A peça, do dramaturgo francês Pierre de Marivaux, era Le Jeu de l'Amour et du Hasard (O Jogo do Amor e do Acaso) e aquilo que achei mais interessante no filme foram precisamente os paralelismos ou antíteses entre os personagens do filme e os da peça de teatro que encenam.
    O que mais salta 'à vista' neste filme é a constante tagarelice e gritaria das raparigas. Essas muitas e longas cenas chegam a ser irritantes de tanta gritaria sem sentido. A isso junta-se uma história algo insossa e pouco estimulante e o que se obtém (para mim) é um filme que não passa de sofrível apesar de alguns pormenores de realização interessantes.

    Ponto da situação
    I - Juno
    II - Control
    III - About Schmidt
    IV - Le schaphandre et le papillon
    V -Mon Oncle
    VI - Valmont
    VII - Mysterious Skin
    VIII - Tess (1)
    IX - El Cielo Gira
    X -2 Days in Paris

    XI - Climas
    XII - The Last Days
    XIII - L'Esquive
    XIV - 24 Hour Party People (2)
    XV -Europa
    XVI - Land of Plenty (2)
    XVII - Yadon Ilaheyya (2)
    XVIII - The Station Agent (2)
    XIX - L'Enfant (2)
    XX -The Magdalene Sisters (3)

    (1) Assim que encontrar o DVD | (2) Em breve | (3) Ainda não lançado
    13bly

    Tuesday, May 25, 2010

    "Where are we going?" | "Let's go find out."

    Antes de avançar demasiado nesta 'crítica' quero deixar bem claro que achei o último episódio de LOST um dos momentos mais brilhantes de televisão a que já assisti.
    Sem entrar em pormenores acerca do que aconteceu ou deixou de acontecer devo dizer que, principalmente a segunda metade do episódio foi altamente emocionante (no sentido de ter estado por diversas vezes no limiar das lágrimas e não no sentido de estar agarrado à cadeira ou a roer as unhas). A mecânica utilizada para o desenlace final não terá sido o mais original de sempre, no entanto, a forma como ela foi materializada foi um grande exemplo de pura mestria poética e pareceu-me um fim bastante adequado para os personagens que nos foram apresentados há 6 anos e que passaram por tanto para chegar aquele momento.

    Do ponto de vista do desenvolvimento de personagens e do destino final das suas viagens, o meu indicador de satisfação está bastante próximo dos 100%. Estou, no entanto e apesar do excelente episódio, um pouco desapontado por não terem surgido respostas a algumas perguntas mais basilares da mitologia LOST. Não entrei no último episódio à espera de ver uma longa lista de perguntas e respostas e acho que muitas delas não necessitam de resposta, no entanto também não contava que o grande mistério da ilha (que foi afinal pano de fundo de 6 temporadas) fosse, na prática, ignorado.
    LOST sempre foi uma série centrada nos personagens mais do que nos mistérios da ilha em si, disto não tenho dúvidas. No entanto a ilha e os seus mistérios 'faziam também parte do elenco' e ao dedicar a totalidade do último episódio aos personagens sem prestar quaisquer esclarecimentos acerca da ilha faz com que muitos dos momentos da série pareçam quase perdas de tempo. Depois de tantos mistérios, enigmas e segredos, no último episódio, os criadores querem fazer-nos crer que a série sempre foi SÓ sobre os personagens.

    Seria com certeza difícil encaixar essas respostas num episódio tão carregado de emoção como o de Domingo sem o estragar e, para todos os efeitos, o mais provável é que essas respostas fossem insatisfatórias (seria sempre impossível agradar a toda a gente). Apesar do episódio brilhante o travo a amargo pela ausência de algumas respostas é inevitável.

    13bly

    Monday, May 24, 2010

    O fim da viagem

    Chegou ontem ao fim uma das maiores epopeias da história da televisão. Goste-se ou não, LOST é, uma das séries mais marcantes de sempre - desde os tempos áureos de Star Trek que não se viam seguidores tão fieis (ou fanáticos, fica à escolha) e desde a morte de Laura Palmer em Twin Peaks que não se gerava tamanho burburinho e especulação à volta de um mistério. Um verdadeiro fenómeno.

    Agora, 6 anos (e 6 temporadas depois), o dia 23 de Maio de 2010 ficou marcado como o fim da longa e tortuosa viagem, carregada de enigmas e pequenas dicas indecifráveis que caracterizam LOST desde o primeiro episódio.
    Terá o final sido satisfatório? Bem, será impossível agradar a toda a gente...

    Agora, se me dão licença, vou ver como acaba.

    13bly

    Sunday, May 23, 2010

    Thursday, May 20, 2010

    Audiovisual VI

    audiovisual

    adj. 2 gén.,
    relativo simultaneamente à audição e à visão;
    que associa som e imagem no processo de comunicação;
    ENVISION
    Step into the sensory box

    13bly

    Wednesday, May 19, 2010

    Tim Burton no País da Destruíção de Clássicos de Literatura

    Nota Prévia: Este post é em tom de desabafo e não de crítica cinematográfica.

    Já torci um bocadinho o nariz à Noiva Cadáver, não morri de amores pelo Charlie e a Fábrica de Chocolate e não gostei particularmente do Sweeney Todd. Espero que a Alice no País das Maravilhas não seja para mim 'a morte do artista'.

    Lembram-se de ter dito isto?

    É normal que não, afinal já lá vai quase um ano e desde então as minhas expectativas para com este filme foram reduzidas a quase nada. Apesar de tudo, Alice no País das Maravilhas conseguiu ser pior do que eu alguma vez esperei. É com alguma tristeza que confesso que fiz um esforço considerável para levar o filme até ao fim e que teria ficado verdadeiramente frustrado se tivesse pago para o ver.
    É certo que, até hoje, o mundo ainda não viu uma adaptação fiel aos clássicos de Lewis Carroll e, apesar de admitir que não seja efectivamente uma tarefa fácil, para mim Tim Burton foi longe demais. Em cerca de uma hora e meia de filme, Burton conseguiu 'destruir' o mundo mágico que Carroll criou há já quase 150 anos.

    Aparentemente há uma crise no País das Maravilhas e uma profecia diz que Alice será a salvadora. Esta curta premissa que por si só já tresanda a cliché, associada à forma previsível como é concretizada (tirando umas opções de caracterização que se podem considerar interessantes), deita todo o filme por terra.

    Algumas das linhas de diálogos foram retiradas textualmente dos contos numa espécie de referência à obra original. Isso teria sido um esforço admirável não fosse a maior parte dessas falas parecerem descontextualizadas e forçadas. Para além disso fez-me muita comichão ver a noção de 'tempo' no País das Maravilhas (que nos contos de Lewis Carroll parecia ser quase abstracto e não se reger por nenhuma das regras do 'nosso' mundo) e ter de assimilar que personagens que eram já como que velhos conhecidos tinham mudado em virtude de acontecimentos que alegadamente terão ocorrido na ausência de Alice.
    O País das Maravilhas devia ser um sítio onde as coisas são completamente loucas e deliciosamente sem sentido. Dar-lhes uma atmosfera séria foi um erro tremendo. Transformar a viagem quase aleatória de Alice numa aventura épica foi outro.
    Estes serão, a meu ver, os dois problemas mais graves desta adaptação de Burton. São essencialmente estas duas falhas que transformam todo filme num total tiro ao lado relativamente ao universo criado por Carroll não conseguindo captar um resquício que seja do espírito dos contos originais.
    Uma das muitas coisas que os contos tinham de bom era que podíamos simplesmente deixar-nos levar ao sabor da maré apenas pequeníssimas metas a curto prazo em mente visto que, mesmo que quiséssemos, seria impossível antever o rumo da história tamanha era a imprevisibilidade da mesma. Esta adaptação acaba com tudo isso.

    Tim Burton terá tentado dar o seu cunho à obra de Lewis Carroll mas a visão de Burton revelou-se demasiado limitada para a de Carrol e, quando assim é, mais vale estar quieto.

    13bly

    Tuesday, May 18, 2010

    Uma mistura especial

    Os Phoenix descobriram que, misturando Brian Eno com Grizzly Bear e um toquezinho de aleatoriedade se pode obter puro mel musical. E como é que isto funciona exactamente? Não é nada complicado.








    Brian Eno - Canon in D Major




    Grizzly Bear - Foreground

    As instruções são as seguintes:
    1. Começar a ouvir uma das duas músicas (é indiferente qual);
    2. Uns segundos depois (é indiferente quantos) comecem também a ouvir a outra;
    3. Ajustar os volumes a gosto;
    4. Se a mistura soar bem desfrutem, se não soar reajustem.
    Esta não é a primeira mistura deste tipo que ouço mas é sem dúvida uma das melhores. A título de brincadeira aconselho que ouçam este link em simultâneo com este outro e vejam como, instantaneamente se pode produzir um hit de rap.

    13bly

    Monday, May 17, 2010

    Aconselháveis

    Esta última semana o 13bly tem andado um bocado parco em palavras e não tenho qualquer justificação para isso. Não é falta de tempo nem falta de assunto, simplesmente não tenho estado para aí virado. Como não gosto de fazer deste blog um "depósito de imagens e vídeos", aqui vão duas boas sugestões.

    BREAKING BAD

    Walter White tem 50 anos e é um simples professor de Química que passou ao lado de uma brilhante carreira em investigação. Skylar, a sua esposa, está grávida de um bébé não planeado e o filho mais velho do casal, Walt Jr. nasceu com uma deficiência. Como se isto não fosse suficiente Walter descobre que tem um cancro terminal no pulmão.
    A situação financeira da família é bastante precária e o seguro de saúde que possuem não cobre os tratamentos de Walter. De que forma poderá então Walter garantir o sustento à sua família? Aplicando os seus conhecimentos de química para produzir metanfetaminas que irá vender em parceria com um ex-aluno delinquente. Ahh, esqueci-me de dizer... o cunhado dele é chefe de uma Brigada Anti-Drogas.

    Apesar de todos os problemas de família e da temática algo pesada que é o cancro, Breaking Bad é extremamente divertido e empolgante nas situações hiperbólicas que vão surgindo. Esta série consolida a minha confiança na subvalorizada amc (só para recordar: Mad Men foi produzida pelo mesmo canal).


    GENERATION KILL


    O que é que tem a guerra do Iraque de diferente das outras guerras? Pelos vistos muita coisa.

    Pessoalmente, quando penso nas guerras modernas imagino as altas tecnologias a serem utilizadas para planear tudo ao milímetro. Aparentemente, segundo Generation Kill, no Iraque não é isso que acontece.

    Generation Kill (a série) é baseada num livro de crónicas que Evan Wright - jornalista da revista Rolling Stone - escreveu relatando a sua experiência quando em 2003 acompanhou um batalhão de Marines ao longo da invasão ao Iraque.

    Escrita por David Simon e Ed Burns (The Wire), Generation Kill é o retrato irónico de uma guerra sem rumo onde a hierarquia militar parece estar de pernas para o ar e as ordens não fazem sentido.

    É (mais) uma grande mini-série com o carimbo de qualidade HBO. Como diz a Lídia Gomes de Os Novos Pornógrafos: "não é televisão, é HBO."


    13bly

    Sunday, May 16, 2010

    Wednesday, May 12, 2010

    Uma pitada de erudição

    • Fotografia: Szabadság híd (Ponte da Liberdade) em Budapeste, de Arman-h.
    • Música: Night on Bald Mountain de Modest Mussorgsky interpretada pela LSO.
    13bly

    Tuesday, May 11, 2010

    10º "Os fins justificam os meios"

    fins
    s.m.pl.
    Escopo, desígnio, alvo.

    meios
    s.m.pl.
    Bens, fortuna, recursos, haveres.
    Arte com meios não tradicionais.

    #10 SAL



    Outros meios:

  • #1 JORNAL
  • #2 LIVROS
  • #3 SOMBRAS
  • #4 LUZ
  • #5 PAPEL (1)
  • #6 PAPEL (2)
  • #7 LÁPIS e "BORRACHA"
  • #8 FITA-COLA
  • #9 PAPEL (3)
  • #10 SAL


  • 13bly

    Monday, May 10, 2010

    Discos do Baú nº4

    Os Pink Floyd são seguramente uma das bandas mais influentes da história da música. A sua longa caminhada começou em 1967 com o psicadelismo evidente de The Piper at the Gates of Dawn e a sonoridade da banda foi evoluindo de álbum para álbum até atingirem o sucesso comercial e reconhecimento mundial de que ainda hoje, mesmo estando cada um para seu lado, gozam.

    A principal alteração profunda na banda ocorreu quase logo após o lançamento do primeiro álbum com a substituição de Syd Barret por David Gilmour. O contributo criativo (e insano) de Barret não poderia ser igualado e, apesar de ainda ter participado em A Saucerful of Secrets, a sonoridade dos Pink Floyd nunca mais foi a mesma.

    THE PIPER AT THE GATES OF DAWN
    Pink Floyd (1967)
    Género - Rock psicadélico
    Editora - Columbia/EMI
    Duração - 41:52
    Faixas - 11
    1. Astronomy Domine (4:12)
    2. Lucifer Sam (3:07)
    3. Matilda Mother (3:08)
    4. Flaming (2:46)
    5. Pow R. Toc H. (4:26)
    6. Take Up Thy Stethoscope and Walk (3:05)
    7. Interstellar Overdrive (9:41)
    8. The Gnome (2:13)
    9. Chapter 24 (3:42)
    10. Scarecrow (2:11)
    11. Bike (3:21)
    The Piper at the Gates of Dawn é um hino ao psicadelismo. Não é propriamente o território pelo qual os Pink Floyd são actualmente reconhecidos, mas foi assim o início da sua carreira. Penso não ser exagero afirmar que, nesta fase, a grande força criativa da banda residia precisamente em Syd Barret (e no seu desequilíbrio mental) - basta ver a direcção que a banda seguiu quando liderada a meias por Roger Waters e David Gilmour após o abandono precoce de Barret.

    Dificilmente se poderá catalogar alguma das faixas de The Piper at the Gates of Dawn de "convencional" - cada uma delas quebra convenções a vários níveis, desde a própria estrutural das músicas como da utilização sons improváveis em diversas faixas.
    O álbum arranca com uma viagem espacial a bordo de Astronomy Domine e mais à frente essa viagem é retomada com a épica Interstellar Overdrive que nos transporta mais longe pelo espaço sideral aos locais mais recônditos do Universo. No entanto, de volta à Terra, The Piper at the Gates of Dawn apresenta-nos coisas tão "banais" como o gato de Syd Barret (Lucifer Sam) e uma mistela de contos de fadas (Matilda Mother) e com Flaming, The Gnome e Bike, Syd Barret mostra o seu lado de eterna criança conseguindo, sem nunca se desligar do psicadelismo que é fio condutor do álbum, construir músicas propositadamente simplistas e facilmente associáveis à visão algo inocente de uma criança.

    O caos de Take Up Thy Stethoscope and Walk tem a assinatura de Roger Waters e a sua letra mais sombria reflecte isso mesmo. A música é um crescendo constante desde o primeiro chamamento por um médico até ao profundo sentimento de confusão e urgência que se sente mais para o final da faixa. Esta é a única faixa do disco à qual não é atribuída autoria ou co-autoria de Barret.
    A universalidade deste álbum é cimentada com Pow R. Toc H., Chapter 24 e Scarecrow. A primeira é um instrumental dominado pelo piano mas condimentado com diversos jogos de voz e sons produzidos pela boca (brincadeira que os Floyd viriam a repetir em Ummagumma ao imitar animais) e nas outras duas, respectivamente, Barret pisca o olho aos métodos de adivinhação chinesa e deixa-se levar por dúvidas existenciais comparando-se a um espantalho.

    The Piper at the Gates of Dawn talvez seja mais Syd Barret do que Pink Floyd mas é um álbum incontornável da longa carreira dessa banda mítica. Não só por ter sido o primeiro passo de uma longa caminhada mas principalmente por ser um excelente legado musical que viria (e continuará) a influenciar e inspirar inúmeras gerações de músicos e não-músicos pelo mundo fora.

    13bly

    Sunday, May 9, 2010

    Saturday, May 8, 2010

    Friday, May 7, 2010

    Se Deus tivesse um mp3... [17]

    ... de certeza que esta música estaria lá!


    ...
    Dirty Three - The Restless Waves
    13bly

    Wednesday, May 5, 2010

    Série Ípsilon XI - Iklimler

    Em português chama-se Climas e é o quarto filme do realizador turco Nuri Bilge Ceylan. Ceylan retrata o relacionamento entre Isa e Bahar (representados respectivamente pelo próprio Ceylan e a sua esposa) com uma sensibilidade que alguns aproximaram a Antonioni ou a Bergman.
    Climas tem uma história extraordinariamente simples. Podia literalmente contar toda a história do filme em meia dúzia de linhas sem me escapar grande coisa pois na verdade não acontece muita coisa durante aqueles 97 minutos.

    Os planos são geralmente muito parados fixando as paisagens ou os actores e permitindo assimilar o ambiente e as expressões e sentimentos dos personagens. Uma das cenas iniciais é verdadeiramente fantástica com Bahar a passar de um sorriso algo nostálgico e ternurento para um rosto a escorrer lágrimas de uma mágoa e tristeza profundos. Os diálogos são esparsos e curtos contrariamente aos silêncios que são longos e abundantes. Talvez numa tentativa de equilibrar a ausência de diálogos há imensos momentos em que sons à partida insignificantes são amplificados tornando o silêncio um pouco menos desconfortável.

    Ceylan filmou em HD e por isso, desde as bonitas paisagens turcas aos pormenores como o suor no corpo de Bahar ou os flocos de neve na parte final do filme, tudo é muito vívido. O desenlace é inesperado e melancólico e faz um belíssimo contraste com o início do filme mostrando o quanto os sentimentos, imprevisíveis tal e qual o clima, podem mudar.

    Climas
    é uma espécie de poema declamado por imagens e sons mais do que por palavras e talvez por isso não seja um filme para qualquer um. Ainda assim, aconselho-o a quem achar que poderá ter sensibilidade para desfrutar dele.

    Ponto da situação
    I - Juno
    II - Control
    III - About Schmidt
    IV - Le schaphandre et le papillon
    V -Mon Oncle
    VI - Valmont
    VII - Mysterious Skin
    VIII - Tess (1)
    IX - El Cielo Gira
    X -2 Days in Paris

    XI - Climas
    XII - The Last Days
    XIII - L'Esquive (2)
    XIV - 24 Hour Party People (2)
    XV -Europa
    XVI - Land of Plenty (2)
    XVII - Yadon Ilaheyya (3)
    XVIII - The Station Agent (3)
    XIX - L'Enfant (3)
    XX -The Magdalene Sisters (3)

    (1) Assim que encontrar o DVD | (2) Em breve | (3) Ainda não lançado
    13bly

    Tuesday, May 4, 2010

    Visionários

    Já aqui tinha partilhado este trailer mas agora que pude ver o documentário, vale a pena reforçar a dose e aconselhar a todos os que se interessam por assuntos da internet em geral e das redes sociais e questões de privacidade em particular.


    We Live in Public conta a vida de Josh Harris, um visionário que levou a internet e os limites da privacidade ao extremo. A sua visão pode parecer um bocado exagerada mas, bem vistas as coisas, a realidade actual não anda muito longe do que Josh Harris previu no início dos anos 90.

    13bly

    Sunday, May 2, 2010

    Saturday, May 1, 2010

    Canções para embalar tempestades* - Mazgani @ Passos Manuel

    Sharyar Mazgani é um iraniano radicado em Portugal faz já longos anos. Goza de um sucesso moderado no interior do nosso país e é alvo de algum reconhecimento e projecção além-fronteiras. Ontem, subiu ao palco do Passos Manuel perante uma plateia muito despida (cerca de 40 pessoas) para apresentar o seu segundo trabalho - Songs of Distance. Apesar da fraca afluência, Mazgani não desanimou e, numa lição de profissionalismo, demonstrou o empenho que seria de esperar com sala cheia.

    O concerto consistiu na quase totalidade de Songs of Distance (é difícil de dizer com precisão as músicas porque ainda não conheço bem o disco), que também inclui no seu alinhamento o EP Tell the People - editado em meados do ano passado pela iniciativa Optimus Discos.
    Tendo por base o que ouvi no concerto (tenho agora o álbum para analisar com mais calma) este novo disco parece-me mais intimista do que Songs of the New Heart (2007). Mazgani amadureceu como compositor e a sua música reflecte isso mesmo.

    Mazgani apresentou-se à sala de megafone em riste interpretando Thirst no papel de pregador que exorciza os espíritos maléficos do seu rebanho. Ora irrequieto, caminhando de um lado para o outro e elevando os braços fazendo lembrar Tom Waits (uma das suas influências assumidas); ora contido para imprimir o sentimento necessário à interpretação das baladas mais melancólicas, Mazgani vestiu várias peles ao longo do espectáculo.

    Para além do próprio Mazgani que também empunhava uma guitarra quando a música assim o pedia, a banda era constituída por quatro elementos - duas guitarras e a base rítmica de um contrabaixo e bateria. De forma a não tornar o cenário maçador, em duas ou três músicas o concerto decorreu na forma de quarteto de cordas (com o baterista a passar para a guitarra), e numa outra apenas com as duas guitarras para além da voz de Mazgani (com o baterista e o contrabaixista a abandonar o palco).

    Independentemente da presença (ou falta dela) do público, o concerto foi bastante competente, apenas merecendo um apontamento no que toca aos desconfortáveis silêncios que por vezes se faziam sentir entre as música. Esse pequeno pormenor por certo será corrigido com o decorrer da tour ou poderá ser minorado com uma massa mais calorosa de aplausos.
    Chegado o final do concerto, Mazgani acedeu aos aplausos do público que pediam um encore. A banda regressou então ao palco para interpretar uma música inédita, que deverá pertencer a um eventual terceiro álbum.

    Não se pode dizer que Mazgani seja um visionário que inova com sua música. O que ele faz é "apenas" encarnar o espírito do folk de raizes norte-americanas com alguns ajustes aqui e ali. Quanto à sua competência, essa já é indiscutível. Mazgani escreve canções e fá-lo bem.
    Não é fácil ganhar alguma visibilidade no mundo do folk, no entanto a voz exótica de Mazgani permite-lhe alguma distinção no meio de uma legião de artistas do seu género. Espero que ele consiga efectivamente alcançar sucesso e reconhecimento pois, parece-me a mim, bem o merece.

    13bly

    * Título retirado do texto escrito por José Tolentino Mendonça sobre Mazgani incluído no livrete de Songs of Distance